sábado, 5 de abril de 2008

Revisão

Tem coisa que a gente aprende e não questiona, acata. Eu, como não sou gente, questiono tudo e quase não acato. Só quando a desobediência tem castigo, aí eu obedeço porque fui educada em colégio de freira, me introjetaram o medo do inferno. Há muito não sou católica mas o inferno ainda me atormenta. Falei isso lembrando daquela estória de "respeito aos velhos" que ensinam quando a gente é criança. Aqui ó: só porque é velho merece respeito? Não de mim. Merece respeito quem merece respeito. Olha essa: o pai de um amigo meu, trabalhando uma vez como contínuo no palácio do governo, foi assediado sexualmente por ninguém mais ninguém menos que o senhor governador do estado. Como não cedesse aos encantos do excelentíssimo velho sem vergonha, perdeu o emprego. Conta ele: - Perdi o emprego. Mas não perdi mais nada. Esse governador é até hoje cultuado por aqui como sendo uma beleza de cidadão, sua ilustre família continua na política e tem o nome reverenciado por meio mundo, dos miserávis às altas rodas. Não por mim. Cada vez que ouço o nome dessa família lembro que o avoengo deles é um pederasta pedófilo filhadapu nojento sem vergonha. Em pequena tive uma amiga, também de tradicional família curitiboca, cujo avô era um velho babão nojento, que adorava dar de bobo e passar a mão na bunda das meninas, amiguinhas da neta dele. O traste fedorento nem em pé conseguia parar direito mas sabia arrastar pra onde não devia a mãozona safada. Uma vez conversei com as meninas sobre isso. Ninguém tinha coragem de abrir o bico. A cretinice do velho nos envergonhava e, mesmo na nossa inocência, a gente achava impossível alguém acreditar na estória se a gente contasse. Um dia fiquei na espera do "move" do velho. Quando ele se chegou arrastando os chinelos e olhando pro nada com cara de bobo como costumava fazer, tasquei-lhe uma tal cotovelada no saco que o velho rolou no chão. Gemeu, se torceu, urrou, veio tudumundo acudir. Eu fiz cara de aflita, pedi desculpas, que eu era muito desajeitada, não tinha visto o velho chegando, ele era muito quietinho. O pessoal da casa me olhou torto. Mas nunca mais o velho filhadapu apareceu na sala quando a gente ia lá. Tomara que o tranco tenha refletido direto na próstata do asquento. Não sei se isso dói mas espero que sim. Muito. Respeito? Ah, tá.

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6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Esses fatos são ... deprimentes e muito mais frequentes do que a gente imagina. Muita gente que eu conheço foi vítima dos mais velhos "bonzinhos" pra todos, e só falam no assunto depois que o bonzinho já morreu, ou depois de muita terapia, ou depois de velha. É muito triste isso. E o pior: acontece ainda hoje. As famílias deveriam prestar mais atenção aos velhos. Em todos os sentidos e principalmente quando eles estão com as crianças. JÔ.

6.4.08  
Anonymous Anônimo disse...

Pô Jô,é lamentávelconcordo,mas não sãotodos os velhos que fazem isso.Aliás, os que fazem, certamente também o fizeram quando adultos jovens.Esse traço tem histórico, e aí sim as famílias deveriam ter mais coragem para rever os seus segredos.

6.4.08  
Blogger Luciana disse...

sei da seriedade dos fatos mas, precisava dar boas risadas achei aqui um reduto.Vcs são foda! Adoro este lugar!

6.4.08  
Anonymous Anônimo disse...

Tudo o que as famílias NÃO querem é rever seus segredos. Isso seria como remexer o esgoto: fede e assanha as ratazanas.

6.4.08  
Anonymous Anônimo disse...

Lu
você pegou exatamente o espírito da coisa: o negócio é desopilar com o que podia ser só desgraceira. Seja bem-vinda ;)

6.4.08  
Blogger Unknown disse...

San
Nunca devemos esquecer que canalhas e pedofilos envelhecem, e muitos cobram respeito por causa de cabelo branco, respeito só e devido a quem se dá o respeito, isto independente de idade e classe social, pois canalhice não é exclusividade de pobre , pois independente de ser presidente, governador ou lixeiro, podemos ter pessoas merecedoras de respeito mas tambem canalhas monumentais.

6.4.08  

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