Vamos falar da Susan
Ó, nem
sinal do carnaval por aqui. Nem Mardi Grass. Nem Veneza com ou sem máscara.
Nada. Nadinha de nada. Um pouco de neve derretendo lá fora. Para vir mais. Só.
E assim,
não estou sentindo falta, não. Dia normal, sabe? Quase normal, porque depois
que vim para cá, rotina é o que menos tenho.
Eu tinha
que fazer pesquisa e tals hoje, escrever em inglês, mas como toda boa
procrastinadora, estou aqui, indo e vindo em um artigo científico. Daí, pra
procrastinar mais, resolvi falar da Susan.
Faz tempo
que quero falar dela. Na verdade, porque queria saber cargas d´água o que a
coitada fez – ou deixou de fazer – para ser lembrada para todo o sempre assim.
É tipo o
Zezé da cabeleira. Ou ainda a Amélia-mulher-de-verdade. Nunca serão esquecidos.
E pior, ficarão ali, grudadinhos com o uso do seu nome. Em vão. Em qualquer
vão.
Por falar
em vão, a coitada da Susan aqui tem seu nome ligado a um. Na verdade, não é um
vão, mas é uma coisa que usamos nesse vão.
Eu
realmente fiquei chocada quando me falaram a primeira vez. Fiquei pensando:
porra, coitada da Susan, meu.
Imaginei
também, como deveria ser o nome da mãe da Susan. Ou do pai. Estes sempre vão
ter o direito ao esquecimento. Mas a Susan, pobrezinha, ficará a vida toda
sendo chamada na cozinha. Não tem espírito que descanse desse jeito!!
A primeira
vez que me falaram dela eu gaguejava tentando saber os nomes das coisas da
cozinha. Bah, que dificuldade. Se nem me português eu sabia ao certo (a gente chama
tudo de coisa diferente em cada região do país, oras...), imagina em outra
língua. Mas esse nome até o marido conhecia. Até ele que vive boiando para me
dizer os nomes da escumadeira, da colher de pau, do “strainer”...
Então a
cozinha tem aquele ângulo no armário embaixo do counter (balcão). Aquele canto
que fica cheio de espaço e que dava para pôr um montão de coisas ali, mas ia
ficar difícil de alcançar porque é fundo, lá atrás mesmo. Aí o ser humano
inventou uma roda/prateleira que pode ser chamada poeticamente em português de “Canto
Mágico”. Lindo, né? São aquelas ferragens que saem do armário e facilitam a
vida da arrumação de mantimentos dentro dos armários.
Pois é.
Sabe como isso se chama em inglês? Lazy Susan. Foda, né? Imagina, chamar a Susan
de preguiçosa só porque ela inventou a ferragem para arrumar as coisas no
armário. Fico de cara com isso.
Toda vez
que preciso me referir ao canto para o marido eu digo: põe lá na coitada da
Susan.
Porque, né?
Bah.
Diz para mim: não tem nexo, né? |
A Susan inventa uma coisa assim e fica mal-falada por resto da vida... |
3 Comentários:
Puts, ela foi "gênia"!! Tenho um buraco sem fundo na minha cozinha para onde vão todos os utensílios não usados...e defnitivamente esquecidos. Quem fez os armários ( séculos atrás) não conhecia a Susan!
Num é? Pena chamarem ela de preguiçosa... Eu fico de cara.
Ô coitada...
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