segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A eterna tentativa de esconder que fedemos levada agora a outro patamar

Acontece em toda a relação. Enquanto estão no início do relacionamento, se apaixonando, existe aquele jogo de se arrumar, maquiar, de vestir assim ou assado, para agradar. Só agradar. A gente constrói um ser que não é a gente para não ser rejeitado. Normal. Teorias da psicologia até devem explicar isso, da idealização e tals. E pode ser relação hetero ou gay, não importa. Tenho amigos gays que morrem de vergonha do parceiro quando se trata de cagar.

Por isso, talvez, tantos relacionamentos depois de um certo tempo caem como se apodrecessem no pé... Porque tem gente que consegue segurar os papeis por mais tempo, outros são péssimos atores. Quantas pessoas são uns amores até conseguir a primeira garantia de estabilidade, tipo uma aliança ou algo similar? Depois mostram a que vieram.
Muito por condicionamento social/cultural, muito por essa idealização idiota, a gente acaba tentando esconder a todo custo que cagamos. Principalmente as mulheres. Mulheres devem cheirar a rosas... Devem brilhar, flutuar, ser delicada, princesa, bla bla bla... Diga pra mim se isso nunca aconteceu com você. Nos primeiros meses nada de cagar na casa do namorado. Deus me livre! Imagine se ele descobre que meu cocô fede!

Durante muito tempo eu fui essa pessoa. Tinha um problema imenso de cagar fora da minha casa. Intestino preso revelava bem essa prisão conceitual. Era muito raro quando ele funcionava, e se funcionasse no lugar errado, era intencionalmente travado por mais um tempo. Até que isso começou a me fazer mal. E junto com algumas características que eu já odiava em mim, joguei fora todo e qualquer pudor em relação ao Número 2. Eu ainda tenho problemas em cagar em lugares pequenos, que sei que pode atrapalhar outras pessoas desconhecidas. Mas se o banheiro é público, tem um monte de opções de assentos para outras pessoas, eu não tenho mais problemas. Foda-se. Cocô fede mesmo. E daí?

As relações evoluíram nesse nível também. Eu morria de inveja da liberdade poética e retórica do meu irmão que sempre anunciava que iria destruir o banheiro, que se alguém quisesse usar antes, deveria. Depois ele saía ainda descrevendo sua produção. Tem muito de machismo isso? Mas sem dúvida. Homens podem ser escatológicos, falar de cocô ou outras coisas nojetas (ui, me lembrei do banheiro de Trainspponting). Chega a um ponto a liberdade deles que estávamos uma vez em um avião indo dos Estados Unidos para o Brasil, e meu irmão acostumado a falar português durante 15 dias sem ninguém entender lhufas, veio até o meu assento no avião e falou em alto e bom som: “vou ali soltar um barro e depois venho ver o filme com você”. Eu queria morrer. Eu queria a capa da invisibilidade do Harry Potter. Eu queria que um buraco se abrisse no avião e eu saísse direto para o oceano atlântico. Mas o máximo que fiz foi me abaixar e colocar os fones de ouvido, sem olhar para o lado.

Houve também uma vez, em um avião da Aerolíneas Argentinas que alguém fez uma obra tão excepcionalmente fedida que os tripulantes precisaram caminhar com um spray pelo avião todo. E foi avisado no autofalante que haviam gases tóxicos vindos do banheiro e por isso precisariam usar o spray no avião todo. Eu só fiquei imaginando como a pessoa autora ficou se sentindo.

É engraçado como a gente acusa todo mundo pela produção do seu intestino. Como se a gente conseguisse controlar os fedores intestinais. Como se não fosse natural cagar fedido e peidar fedido. Como se todo mundo não soubesse que cocô deve ser feito diariamente para uma pessoa ser saudável e que esse cocô fede.

Falando em cagar, eu ainda visualizo a cara do meu pai dizendo: não fale assim! Diga “fazer cocô”! Oras, que diferença faz? Ah, sim, sou menina...

Bem, me libertei. Resolvi seguir meu irmão e falar as coisas do jeito que são. A liberdade que a gente sente quando o relacionamento vai para esse nível de intimidade, é indescritível. Hoje eu tenho condições de dizer aqui em casa: “acho bom você ir escovar os dentes antes porque preciso fazer o número 2”. Aí saio do banheiro e digo: “não está tão ruim hoje” ou “viixe, vai demorar um tempo para se esvair o cheiro, melhor ficar longe...” A vida fica leve. O respeito ao outro fica claro sem tornar as coisas artificiais. Nesse processo, poder dizer que a pessoa está com bafo, ou com uma alface no dente ou um tatu no nariz, sem que isso vire um auê é absolutamente libertador. As coisas ficam naturais. E o relacionamento mais inteiro, mais tranquilo.

Claro que há limites para isso. Eu tinha uma amiga que sentava no colo do namorado enquanto ele cagava. Aí eu acho too much. Num dá, né? A pessoa tem que ter a privacidade para produzir seus cheiros horrendos sozinha. E a outra precisa se dar ao respeito de não querer cheirar essas fedentinas, não é?


Pois bem, mas afinal, o que me trouxe aqui para falar de todas essas coisa nojentas é que descobri há algum tempo que teve gente que levou essa “brincadeira” para o outro extremo mesmo. No início eu achei que era piada. Não é. O produto está à venda, e tem concorrentes! A propaganda é ótima. A marca possui engajamento social quando defende saneamento básico. Enfim a estratégia e fenomenal. Está em inglês, mas mesmo para quem não entende muito o britânico, como eu, o vídeo se auto-explica. Perceba o cenário, as situações e se veja nelas. Que tal? Agora, nós mulheres, princesas que flutuam e não possuem pelos nem cagam podemos realmente manter o personagem... Só precisamos carregar uma mochila em todo lugar que formos. Porque vamos precisar de maquiagem, lencinho umedecido, de desodorante e, agora, do spray-evitador-de-cheiro-de-cocô. Pois é.



Poopourri - uma brincadeira com a palavra Poop = cocô e Pot Pourri, que é um sachê de cheiros bons misturados.




V.I.Poo = também um acrônimo de Very Important Person e Poop= cocô.

2 Comentários:

Anonymous Rosana disse...

KKKKKKKKKKKKK!!! Acabo de descobrir que tenho muita dificuldade em defecar fora de casa!!!!

10.1.17  
Blogger Dna. Bona disse...

Vc precisa de um VIPoo!

24.2.17  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial












A chic é Rosana
Não usa pretinho
pra não dar pinta





Denis
coluna tranqüila
e coração ereto






Tássia
pin up e lambe-lambe
Lambe cria






Dorotéia
só escreve em italic







Paula Bolzan






Nívea Bona
Marca compasso
Vem pro abraço






Marina Victal
Mineira apresenta armas
Espada em punho








Melhores de 2008
Em 2009 eu vou...
Melhores de 2009
Em 2010 eu vou...
Melhores de 2010
Em 2011 eu vou...
Melhores de 2011
Em 2012 eu vou...
Melhores de 2012
Em 2013 eu vou...
Enviado Divino
Meu Primeiro Professor









    I Clichê


    II Clichê


    III Clichê


    IV Clichê


    V Clichê


    VI Clichê




      Assinar
      Postagens [Atom]