Origens
Para qualquer lugar do mundo que eu vá, tenho certeza que minha identidade acaba sendo revelada sem muito esforço. Basta andar, falar, gesticular... respirar... caricaturas que revelam nossas origens, embora também habite em mim uma personalidade cosmopolita. Não gosto de bairrismo e tenho grande interesse e simpatia por culturas alheias. O planeta Terra é tão grande, diversificado, belo e generoso, penso que seria meio burro (e também um desperdício) me limitar a admirar apenas o lugar onde nasci.
A Dó disse que respondi feito gaúcha o comentário de divina Denis e usou uma expressão que eu adoro ouvir o pessoal do Rio Grande do Sul falar: te mete! Talvez seja pelo fato de esses dias estar convivendo intensamente com gaúchos, além grande afeto gratuito (ou seria ancestral?) e laço familiar que mantenho com essa porção do Brasil.
Gosto muito da culinária, mate, Polar. O carreteiro do Clóvis. Gosto de Santa Maria, das cidadezinhas ao redor (Vale venito, Silveira Martins, Itaara), de Rosário, e da rota turística na Serra Gaúcha. Eu amo a Pró e sei que apesar da fama de durões (e realmente são) os gaúchos que conheço são muito sentimentais, sensíveis e chorões. Quando os tios de Igor ligam, confesso que é impossível distinguir quem é quem pelo telefone. Sotaque carregado, timbre forte e palavriado que foge ao meu repertório. São de São Borja. Às vezes não consigo nem entender direito o que eles estão dizendo ao telefone.
Mês passado Igor cortou o dedo - o espelho do banheiro despencou, resultando em um corte que precisou de sete pontos pra fechar. Um susto, sangue e estilhaço para todos os lados, numa reação sem pensar muito pressionamos o local com um grande chumaço de algodão. Ao chegar no hospital São Rafael, a médica plantonista olhou o estrago (fiapos de algodão grudados na pele piorando ainda mais a situação) e se recusou a limpar o corte. Pode? Foi tão surreal que ficamos sem reação. Trinta minutos depois chegou outro médico. Baixo, galego, pelo andar desconfiei logo que fosse gaúcho. Suspeita confirmada ao nos cumprimentar com um cordial boa noite. Sotaque inconfundível. Quis saber detalhes do que tinha acontecido, fez uma limpeza demorada, minuciosa, enquanto o paciente seguia teso, travado de dor, olhos aguados, respiração curta, aguardando a anestesia local. Você é gaúcho?, perguntou o médico, como quem diz "durão desse jeito, sem querer chorar, só pode ser gaúcho".
Foi a senha para iniciarmos uma agradável conversa. Dr. Spanholi, de Passo Fundo, estudou em Santa Maria, os tios criam caprinos e ele veio para Salvador há dois anos, ora, porque se apaixonou por uma baiana. O atendimento foi tão bom e familiar que voltamos leves para casa.
De alguma forma, esses encontros devem me fazer um pouco gaúcha também.
Marcadores: Tássia Novaes
11 Comentários:
Aii, chorei! Tô assim!
eu disse: vocês são chorões. um beijo :)
Sniff, sniff...até eu me emocionei com o buáá da patroa. Ela diz que é saudade e que também ama vocês de montão! Beijo
Marejou... o texto marejou: derretendo a gauchada!
Eu tenho um amor incondicional pelos gaúchos. Sem explicação. Sempre que vou pra qquer outro lugar do Brasil mais ao norte me perguntam se sou de lá, talvez pq seja muito fácil para mim adquirir o sotaque. Adoro!!!
Dna. bona nasceu onde, hein?!
Dna. Bona nasceu e viveu quase a vida toda em Curitiba. Uma região meio sem identidade de tão misturada que é...
Curitiba não é quase no RS?! he he he he he
Hahahahaahahaah, exatamente. É quase lá!
Oxente.. vc não começou o texto dizendo que tá na cara que vc é baiana? E logo se perdeu no gauchês né não? É baiana aonde...
P.S. Também amo gaúchos e gaúchas.
P.S.¹ De fato curitibanos parecem gaúchos.
Denis, nenhuma convivência é neutra! Ela tem um gaúcho ao lado...baiucharam os dois, numa via de mão dupla!! É o amor, quelida!!!
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