EM NOME DA ROSA
É fácil e indolor.
É parar no sinaleiro e dois segundos depois olhar pro lado. E no carro a esquerda está um belo homem que sorri discretamente se percebendo olhado e agradece com aquela inclinada de cabeça. Vc disfarça...
Olha pra direita e o motorista já estava olhando pra você, sorrindo, esperando pelo seu olhar. Ui...
Como na letra da música o sinal abre e lá vamos todos. Aqui, já em outra velocidade seja qual for, mas que seja suficiente pra não perder o outro no trânsito. Às vezes não dá... e quando um se afasta já segue rindo buzinando...
Quantas vezes fiz amigos no trânsito! Em Santos ou na R. Augusta as amigas e eu estacionávamos pra “conhecer melhor” os futuros. Futuros nada, futuros namorados, futuros amigos.
Tive um namorado quase marido assim. Lindo, de carro lindo, de cidade linda. Andou uns 3 quilômetros do lado do carro da Rô no trânsito engarrafado de um sábado a noite. Carro emparelhado. Eu não virava o rosto porque não queria nem ver o tal... e a Rô falava: “Miga... vira porque vc vai gostar.” Ela – como sempre – tinha razão!
Aqui em Salvador nosso Sydney Rezende, um dia, passou distribuindo rosas pelas janelas dos carros das mulheres que encontrou na rua. E não era “ação de marketing”. Era aniversário dele. Hoje Sydney vai ter muita dificuldade pra repetir a gentileza...
Fui de táxi até ali e, parada nos sinaleiros, percebi que os filmes escuros nos carros são mais do que um acessório de segurança. São mais uma barreira na afetividade gratuita, no sorriso solto, na troca de telefones descompromissada. São paredes que me impedem de ver a criança que vai no banco de traz me dar tchau ou fazer careta (lembram como era?). E nem sei se tem cachorro dentro daquele carro.
Em nome de um sorriso gratuito, de uma mesura sacaninha feita com a cabeça, de um numero de telefone trocado ou de uma rosa passada pela porta do carona, juro que quando parar no próximo sinaleiro vou abaixar o vidro.
Se for vc do lado, já sabe o que tem que fazer.
(por licença poética, não se fala em assalto)
Marcadores: Denis Rivera
2 Comentários:
Uiui...que saudade de rodar no trânsito assim, ao léu!
Claro, claro, não se fala em assalto... Humpf. Concordo. Perdemos muito da poesia no trânsito e incluiria da educação com os filmes nas janelas... Pq mesmo que vc queira dar a passagem para alguém, a pessoa não consegue te olhar, nem olhar o gesto de: pode ir! Pois é.
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