São João (sem graça) na capital
São João no asfalto não tem graça não.
Festa junina nordestina precisa ter chão de terra batida, fogueira e balão. Balão de mentirinha, daqueles que enfeitam os postes e o salão.
São João no asfalto tem cheiro de nada.
Fiquei aqui na cidade e não me restou muita opção. Fui na Perini comprar uns quititutes, depois acabei indo pro cinema. Tem graça? Tem graça não.
Lá na casa de minha vó, em Jequié (fala-se Jiquié), no interior da Bahia, a gente acorda com cheiro de milho cozido. Da mesma espiga, faz o bolo, a canjica e o mingau. Com o fubá, faz mais bolo e cuzcuz. E tem a tapioca, hummmm. Bolo de tapioca, cuzcuz de tapioca, mingau de tapioca. Beijuzinho com manteiga, hummmm. Tudo muito gosto. Ainda tem o amendoim. Eiiitaaaa. Com o amendoim ninguém se segura, só pára de comer quando termina na panela. Pode ser torrado ou cozido. E pode ser também com uma cobertura açucarada. Dele, surge o pé de moleque e a paçoca. Muito gosto. Mas a minha queda mesmo é pelo aimpim: não há nada mais gostoso que bolo de aimpim com café preto, passado na hora. E o Licor? De maracujá, cacau, o clássico de jenipapo, de jabuticaba, laranja. A vizinha de minha vó faz até de pétala de rosa. Eiiiiita coisa boa. De noite, todo mundo põe uma roupa bonita e vai com seu par pro arrastapé. Se não tiver par, não tem problema: nunca falta convite para dançar na noite de São João. Os rapazes tiram as moças, enquanto o couro come no centro do salão. Sanfona abre e fecha, bate o triangulo e a zabumba, ê, é noite de São João. De repente, improvisam uma quadrilha. Vem a cobra, vem a chuva. Pulam a fogueira e vem o beijo. Às vezes, até casamento.
Verdade que essa festa tipicamente nordestina está praticamente em extinção.
É preciso garimpar um bom destino para sentir o autentico São João.
Se a cidade não tiver coreto, nem vá. Não vá não. Capaz de encontrar um trio elétrico acompanhado por uma multidão.
Aqui na Bahia, já há alguns anos, a indústria do axé também toma conta do São João.
É um tal de forró do Sfrega, da Margarida, da Xereca, do Bosque, do Piupiu, da putaquepariu.
E tome Chicletão, Cláudia Leite, Calcinha Preta, Asa de Águia, Calypso, Alexandre Peixe etc etc etc. Horas e horas de qualquer coisa que nem de longe parece com o autêntico forró. E todo mundo se embriaga, se agarra, perde o juízo. Eiiiita carnaval. É mole não.
Lá nas bandas no meu interior, no forró pé de serra, a gente lembra de Jackson do Pandeiro, o cabra da peste, e de Luiz, o rei do baião.
Eiiiitaaa. É muito xote e satisfação.
Marcadores: Tássia Novaes
2 Comentários:
Eita minina, e aqui que a gente só lembra das fogueiras e festas de São João? Não vejo fogueira desde que os filhos dEla eram pequenos e faziam a festa no terreno baldio ao lado. ELA vizinhava legal nessas coisas, mas o tempo passou e os vizinhos não tomaram mais iniciativa...
Próximo São João, põe umas bandeirolas no poste!
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