Pelas bandas do Uruguai (V)
O que Tássia não está contando no post são os bastidores dessas fotos que são apenas um detalhe na Colônia do Sacramento. E que ela fez essas fotos quando estava sozinha. Sim, a moçoila vagou muito tempo solita. E não porque tivesse optado, mas porque se perdera de nós, encantada com a luz do lugar. Saímos cada um para um lado a explorar a história. E passou-se meia hora, uma hora, nós nos reencontramos no ponto de partida. E cadê a moça? Refizemos o caminho, percorremos outros caminhos para encontrá-la e nada! O restaurante convidativo e acolhedor foi trocado por um outro no centro da praça, com mesas na rua, para sermos vistos e podermos vê-la também. Hora e meia, e nada ainda. A fome aliou-se ao frio, pois o sol começara a sumir em meio à massa polar que entrava. E ela de blusa fina e camisetinha por cima, sem casaco, sem cachecol, sem bolsa, sem dinheiro e com uma máquina potente a tiracolo. Foi dando agonia. Como achar alguém em algum lugar que não se conhece? E se sofrera algum tipo de violência (paranóia de brasileiro)? E se fora seqüestrada? Como explicar para a Norma e o Edmario que perdemos a filha deles no Uruguai? Duas horas depois fomos engolindo a comida, preparando-nos para procurá-la. Isolda pegou a camionete e foi dar voltas, o namorado terminou de engolir os canelones e ia alugar uma vespa, eu marcaria ponto por ali mesmo para o caso dela aparecer. Mas eis que a mocinha aparece num fiat, escoltada por um casal de policiais. Gelada , é claro! Esfomeada também! Estressada, também, como todos! Mas esse “resgate” deixo para ela contar.
Fora o episódio desconfortante, angustiante e “micante” é preciso admitir que Colônia é um lugar à parte. A cidade que é cercada por uma fortaleza, nasceu da gana da Coroa Portuguesa em estender seus domínios na região Platina nos anos de 1640. Mandou para lá os padres jesuítas que já andavam por aquelas bandas, colonos açorianos, mercadores, presidiários, índios e escravos, ignorando o Tratado de Tordesilhas. Como é um porto com facilidade de acesso a embarcações grandes, Colônia se tornou o centro comercial responsável pelos contatos diretos com o mercado atlântico e pela introdução de mercadorias européias e brasileiras a baixos preços, ou seja, nascia assim o contrabando. Inglaterra amou a idéia e no século seguinte fez dobradinha com Portugal para manter o comércio a mil.
Guerras à parte - Colonia trocou de dono entre Portugal e Espanha um eito de vezes - a cidade histórica e sua arquitetura portuguesa estão muito bem preservadas. É como voltar no tempo e andar em cada ruela sabendo exatamente o que encontrar. Essa sensação é inexplicável ( a gente deve ter uma memória genética e tanto!). E lá estão os lampiões nas ruelas, os buganville, a calle del Piedro, a calle D los Suspiros ( antiga rua das prostitutas por onde também eram levados os condenados à execução - davam ali o último suspiro nos explicou um menininho que ganhava moedas sendo guia), a plaza mayor 25 del mayo, o farol, os pórticos, as porta e janelas, a beira-mar com calçadas e muradas igual a todo a colonização luso.
Quer saber mais? Vai lá! Vale a pena! Tem uma mesa esperando por você. Vou parando porque congelei os dedos!
Marcadores: Rosana Zucolo
1 Comentários:
Show!
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