quinta-feira, 12 de junho de 2008

ELA SOU EU

há coisa de uns quinze anos toca o telefone aqui de casa. - Alô. Noga? Aqui é o Sérgio. Fazendo o quê, em casa a esta hora? E eu: - trabalhando, uai. tô trabalhando em casa agora. meu ex-divulgador poderoso, o homem que me botava na primeira página de revista ou jornal pelo menos uma vez por semana, está convencido de que eu já era. trabalhando em casa era eufemismo pra falida, desempregada, esquecida. pois hoje eu estava lendo um artigo mostrando como no mundo inteiro a tendência do escritório-em-casa é irreversível. no Brasil ainda existe preconceito. trabalhar em casa não tem nada de fácil, é preciso disciplina, organização, e um moral à prova de qualquer abalo. quem está afim de moleza pode esquecer. claro que isso se refere a quem presta serviço trabalhando em casa, e não àqueles que hoje em dia, como eu, fazem da internet um escritório amplo, sem parede, onde divulgam seu produto, publicam seus textos cotidianamente, batem papo com os amigos e batalham pra ser aceitos, amados, assistidos ali mesmo, na internet. hoje por exemplo meu tempo parou, e se eu não fizer meu esforcinho habitual a depressão me vence. meu contador de visitas parou também, às dez da noite de ontem. meu email tá devagar quase parando, descontando os vendedores de drogas sem receita, macetes pra manter a ereção um mês inteiro, ultimamente até dicas do mercado de ações americano, fora dietas milagrosas, juventude eterna e perfumes certeiros pra agarrar seu par. me sinto abandonada, depois da euforia de ontem ao me sentir amada, valorizada, lembrada. a falta de assunto pegou em mim. fico esmiuçando a vida alheia que ora termina em busca de um macete qualquer que transforme uma vidinha num assunto digno de atrair a atenção geral. até hoje não sei que macete é esse, e Deus nosso senhor só me deu talento pra escrever sobre este exato tema: a minha vidinha. e tome de disciplina, organização e vontade férrea pra não cair em depressão e resolver achar que esta minha vidinha vai acabar mesmo é numa patética coisa nenhuma, que não será publicada em papel e jamais vai pular o muro do feed da internet pra ganhar o mundo real. pior: jamais resultará no tamanho de saldo bancário que a minha rotina de luxo exige. por luxo entenda-se fazer estritamente o que dá na telha, sem rotina de trabalho nenhuma. eu já tenho esta tendência natural a me desvalorizar, comprovada ortograficamente por essa mania de só usar minúsculas. enquanto amigos que sempre invejei se vendem como um produto de primeira não importa quem esteja comprando, eu sempre acabo achando que não dou pra nada, e fico catando estas migalhas de um sucesso passado onde o Sérgio era meu parceiro inseparável na ciência de "aparecer". pergunta o Giovanni, de sua penthouse de quem ganhou o mundo, em Nova York: - grande Noga, onde é que você anda? pois te respondo, Gio: - ando trabalhando em casa, e pior, escrevendo todo dia sobre a minha vidinha. perdi o gosto por todas as outras coisas que eu fazia e além de escrever fico aqui rezando pra ver se encontro neste cotidiano chinfrim algum assunto que agrade a todo mundo. algum milagre que faça de mim um produto cobiçado. tem a fórmula aí, Gio? Quando eu crescer quero ser que nem ela: Noga Lubicz Sklar. Tem muito mais AQUI ; ;

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2 Comentários:

Blogger Nina disse...

tentei entrar no site, mas não consegui...pena

13.6.08  
Blogger D disse...

Dona NIna, o link estava errado. Corrigi. Amélia

15.6.08  

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Marca compasso
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