Milagre de Natal contado em pleno janeiro
A grana estava curta. Mas o menino tinha feito o pedido. Não pra ela, mas para o Papai Noel. A mãe do menino lhe contara: ele rezava todos os dias e pedia pelo cachorrinho. Pelo filhote, como ele dizia.
Ela achou que era justo compra-lhe o bichinho. E em pleno 23 de dezembro fez milhões de ligações até achar o presente. Tinha que ser pequeno, e lindo. Que nem o afilhado. Mas não podia ser caro.
Encarou ônibus, atravessou a cidade, negociou e voltou com o cãozinho marrom pra casa.
Como ainda era 23 e Papai Noel só aparece na noite do 24 o bicho ficou no quartinho dos fundos. Escondido. Esperando a grande noite.
O menino chega de viagem. E como se soubesse da presença dele o cachorro late alegre. Os olhos do menino brilham:
- Tem filhotes aqui?
A madrinha desconversa:
- Hã? Tem o que?
- Filhotes! Eu ouvi um latido!!!
- Não... não tá ouvindo latido não.
E decidida a entrar na fantasia do menino completa:
- Tô ouvindo é um barulhinho de trenó. Você não?
E o destino (ou Deus ou o Papai Noel - quem é que sabe ao certo?) resolve mandar uma brisa que balança o mensageiro do vento no quintal.
E o menino fica maravilhado:
- Tô sim, madrinha! Tô ouvindo o trenó sim!!!
E corre em direção ao som.
E mais uma vez o acaso(se é que ele existe) tinha feito com que levassem a árvore de Natal para o quintal. Ela precisava de uma limpeza. Enfeites e bolinhas estavam no chão. Em frente à porta do cãozinho. O menino não precisa de mais nada para ter certeza:
- Madrinha, o Papai Noel esteve mesmo aqui! Olha!!!
Mas menino de hoje, mesmo aqueles que acreditam em Papai Noel, não é nada bobo. No instante sequinte ele lança a dúvida:
- Mas, espera aí ...por que ele veio mais cedo?
A madrinha, em pânico, arregala os olhos e vasculha o pensamento em busca de uma justificativa.
Mas é o menino que se lembra dela:
- Já sei, madrinha. É que esse ano eu fui muuuuito bom!
A história aconteceu com uma amiga de trabalho. Como adoro cães eu ajudei a encontrar o poodle toy para o afilhado adorado. E ela veio me contar o final. Ela explica que nem todo dinheiro do mundo valeria a carinha de alegria da criança ao abraçar o cachorrinho.
E eu fico pensando que a gente precisa acreditar mais na vida. Que nem o menino. E mais: precisamos acreditar que merecemos tudo de bom que ela tem. Porque fomos bons. Porque somos bons.
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Marcadores: Nina Rosa
1 Comentários:
Isso é que é história boa! Que 2008 seja cheia delas.
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