domingo, 26 de março de 2017

À minha frente, gerúndio

Está bem difícil de manter a concentração nesses últimos... ãh... meses? Sim, meses. Não perdi o jeito de estar em movimento sempre, de ir-indo, continuar-ando, ocupar-me, fazer-endo, sempre no gerúndio. Mas é bem clara a minha falta de foco. Como ter foco se nem sei quem sou mais?

Não, isso não é uma crise. Não, não estou chorando e nem vou cortar o pulsos. Parece que toda vez que dizemos que não sabemos quem somos o mundo vai ruir ao nosso redor e todo mundo corre para acudir. Como assim você não sabe mais quem é????

É só se perdendo assim que a gente percebe o quanto os vínculos formais são importantes nessa nossa sociedade. Toda santa vez que tenho que preencher qualquer coisa como pesquisadora me pedem a instituição da qual faço parte. Num faço parte e faço parte ao mesmo tempo. Eu não tenho uma instituição para chamar de minha agora, mas ao mesmo tempo posso emprestar vínculos aqui e ali, o que na verdade não seriam vínculos. Sinto que minto. Mas o formulário não abre espaço para eu explicar essas coisas. Várias instâncias não abrem espaço para a gente explicar a complexidade que é só ser.

O currículo na internet não deixa a gente colocar lá: “fazendo outras coisas que não possuem ligação com a profissão mas me transformam numa pessoa melhor”.

Ao mesmo tempo ando tão ocupada. Tão descobrindo vários mundos. É como se estivesse em frente à uma encruzilhada e houvesse vários caminhos me chamando, todos tão sedutores. E é ruim saber que entrar em uma das estradas significa dizer não para as outras. Todas são lindas! Acho que nos últimos meses peguei um banquinho e sentei na encruzilhada. Flerto com todas as estradas. Aceno. Sorrio. Converso com quem passa, mas não sigo. Fico ali.

E saindo dessa metáfora me encontro, na realidade, frente a diversos mundos. Meus livros finalmente chegaram. Que difícil terminar de revisar esse texto no computador porque agora eles estão todos à minha frente, sussurando como várias sereias sedutoras: me leia... Tenha ideias comigo... Folheie minhas páginas...  
Meu cantinho quase todo arrumado, com as sereias cantando...


Um amigo me perguntou ontem se estou feliz. Bah, que difícil responder. Mas afinal a que padrão de felicidade ele se refere?

 Estou onde escolhi estar. Descobrindo quem somos nós todas. Todas as eus aqui dentro. Ele foi colo: "sei como é. Aproveite, é um momento único".

Não ter certeza faz um bem danado, ao mesmo tempo desencaixa a gente do mundo ali fora e nos convida a diversos outros mundos criados ou construídos na imaginação. E aí a gente vai continuando nesse gerúndio, porque parar é pra quem está morto. Não é?


1 Comentários:

Blogger Marina disse...

"Várias instâncias não abrem espaço para a gente explicar a complexidade que é só ser."

Nossa!

31.3.17  

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