quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Rejeitando a normose

Ontem era para ser um dia qualquer. Não, na verdade nenhum dia é igual ao outro e, se colocarmos significado em tudo, veremos a especificidade de cada momento.

Mas era para ser um dia sob o status da normalidade. Tudo correndo de maneira adequada, prevista, comum.

Até o momento em que cheguei em casa, as 23h, depois de uma maratona com o Bóris, estava tudo bem. Bóris é o cão achado que estamos cuidando de maneira comunitária – sim, temos amigos fantásticos ajudando – até que ele encontre uma família digna dele.

Bem, em casa nos dividimos nos afazeres. O marido precisava preparar uma aula a ser dada cedinho, eu e filho discutimos dividindo os outros afazeres.

Eu: - Você prefere levar a Pandora (a cã) para fazer o xixi ou recolher o carro na garagem?
Filho – o carro, claro.

Descemos os três: ele, Pandora e eu. Eu atravessei a rua e fui para a grama do vizinho - que é sempre bem mais verde, inclusive para os dogs – e esperei ali a cã reconhecer os cheiros. Nisso, um homem resolve atravessar a rua e, em todo o seu trajeto falava algo sobre a cã que estava passeando. Até então não tinha dado bola, porque acostumei com gente falando sobre cã. O homem não parou de falar andando em minha direção. Ele estava entre eu e minha casa. E, em determinado momento, pude ouvir:
- te pegava todinha e dava um jeito de te fazer...

O desespero bateu. E a primeira coisa que fiz foi pensar que meu filho estava ali, a alguns metros, na garagem. Que ele era homem. Que ele era alto. Gritei.

- Diogo!!! Tem um moço aqui querendo falar com você.

A cara de desespero do homem, que continuou andando descendo a rua sem passar por mim, foi nítida. Havia um macho no local.

Meu filho veio calmamente atravessando a rua. O homem apertou o passo e desceu para cuidar dos carros. Eu me expliquei, me sentindo muito impotente.
- Desculpa, Di, mas ele estava falando besteiras.
- Eu ouvi.

Ele me acompanhou em todo o trajeto com a cã. E conversamos.
- Você consegue entender o quanto isso é ridículo? Eu ter medo de enfrentar um homem desses, colocá-lo no lugar dele? A primeira coisa que pensei foi em correr para casa, mas ele estava entre eu e a casa. Por que temos que sempre ter medo?
- É mãe, não é fácil para vocês, eu sei. Eu vejo isso todos os dias. Minha amiga do trabalho poderia fazer o mesmo trajeto que eu faço todos os dias, no mesmo horário que eu. Ir caminhando para casa. Mas ela não faz quando escurece. Porque é mulher, porque tem o computador com ela, porque...  

- A gente precisa mudar isso.
-É, precisa.


Não, isso não é normal. Não é.

2 Comentários:

Blogger Dorotéia Sant'Anna disse...

Que merda isso! Meu filho faz aulas de defesa pessoal. Começo a pensar seriamente nisso!

21.10.15  
Blogger Dna. Bona disse...

Mais do que isso, Ro, é preciso começar a sensibilizar a comunidade para se proteger. Para um ajudar o outro. Acho que essa é uma forma interessante de nos imunizarmos dessa violência. E, claro, educar melhor os meninos.

22.10.15  

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