quarta-feira, 8 de julho de 2015

Nem sempre quem está na chuva é para se molhar...

Chuva e frio em Curitiba. Do tipo de umidade que dói nos ossos. Esses últimos dias estão cinzas, molhados, daqueles em que nada seca. Donas de casa devem estar rezando a Santa Clara por um dia de sol para secar as roupas. Eu estou rezando.

E, dentro da rotina, nessa umidade toda, eu cruzo boa parte do centro da cidade que me leva do tubo do ônibus (sim, em Curitiba é tubo) até o trabalho. Passo sempre nas principais praças centrais, dessas que foram palco da origem da cidade. Numa construção, numa dessas praças, há o único relógio de sol da cidade que sempre me faz pensar em como as pessoas faziam pra não chegar atrasadas em dias “gris” como esses...

Pois bem, ontem à noite, indo embora, fazendo o caminho inverso, trabalho-tubo, passei por uma ação da polícia de operações especiais do município. Não sabia que tínhamos operações especiais em nível municipal. Pior, não sabia que operação especial significava três viaturas azuis que eu não sabia que existiam, homens fardados e cães farejadores para fazer buscas em moradores de rua que estavam se ajeitando para ir dormir em uma noite úmida e fria dessa Curitiba nem um pouco acolhedora.


Pensei em ficar como testemunha. Testemunha do que?? Pensei em como esse mundo está virado. Pensei em quantas pessoas estão morando nas ruas que passo todos os dias.  Pensei naquela foto recém espalhada de um caminhão juntando todos os agasalhos que estavam em hidrantes e buracos na cidade para jogar fora. Pensei que, fazendo esse caminho todos os dias, nunca me senti ameaçada por nenhum desses moradores. Mas ontem me senti insegura com a polícia. Pensei se usariam de força desmedida. Pensei na polícia que jogou bombas nos professores em abril. Pensei que tipo de ordem foi dada para ficarem, a essa hora, fuçando nos colchões e cobertas de quem tenta se aquecer. Pensei naquela senhora sexagenária que roubou uma ferramenta para poder ir para a cadeia onde teria alguma comida e algum tipo de proteção contra o frio. Pensei nos meninos  de 4 Pinheiros que me ensinaram que boa parte de quem está na rua foge de um inferno pior, naquilo que deveria ser uma casa. Pensei quantas vezes esses moradores já foram abordados pela polícia ou quantas pessoas já fugiram deles. 
Anos.
Anos que passo por eles diariamente, em horários diversos, inclusive tarde da noite. Nunca vi briga. Nunca vi discussão. 
Fui para casa pensando. E me sentindo insignificante frente a isso tudo. 
Que bosta.

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