domingo, 10 de março de 2013

O artista


Tenho lido sobre Cézanne.
Cézanne tem me pesado à visão - não a dos olhos, porque este gênio das artes plásticas não encerra este sentido numa forma superficial e fria – na verdade esta é para ele uma ação complexa elaborada para além da funcionalidade.
O artista repousa sobre minha cama com toda sua sensibilidade convertida em papel de fotografia e de biografia gentil. Fico penso: que mais podia este homem senão reinventar a visão, tão cheio estava de uma percepção à flor da pele? Sentia na alma, com ela.
Ele busca expandir a ideia falsa de que os olhos veem e isso é tudo. Não basta que luz entre nos globos oculares, a luz para ele era as cores que punham intensidade, profundidade e numa palavra, perspectiva à paisagem natural.
Incansável buscador da natureza, do equilíbrio daquilo que podia vislumbrar: horas percebendo, sentindo, olhando, estudando até ir para uma tela branca e converter em imagens as impressões do mundo. Cem olhos de lua, a expressão atribuída a Nietzsche parece ser executada por Cézanne: mesmo ficando diante de um objeto com cem olhos de lua, não haveria como vê-lo completamente.
De certa forma Monsieur Cézanne experimenta extrair das atividades de observação e produção de impressão os elementos eternos das paisagens, o que é invariável e permanente na natureza, aquilo que nem o tempo destrói. Tudo é pesado e colorido, mesmo que às vezes trapaceie com a leveza e faça aquarelas fluidas, todavia a intensidade sempre ronda a obra. É disciplinado, faz incansáveis estudos de desenhos, nas suas telas os objetos são definidos pela cor e a luz que emanam de si próprios.
De difícil convivência, artista singular, enfrentou tantas críticas e oscilou entre entusiasmo e desânimo. Artista supremo porque insistiu que a vida não podia ser vista por olhos regrados e a arte não podia se encerrar nas técnicas conhecidas. Pareceu provocar o mundo ao propor outras formas de produzir arte: dispensando a obviedade ao experimentar, aprender com sua rotina, sua intuição e todos os erros e acertos.

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1 Comentários:

Anonymous Dorotéia Sant'Anna disse...

Uia!!! Divina em momento erudição!!! Mas não posso ler Cézzane não dona Paula, quanto mais deixar ele chegar na minha cama...tenho que lavar, passar, varrer, cozinhar, pra ELA escrever...to assim, simplória...a senhoura entende né não?

10.3.13  

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