Mera aparência
Faz alguns meses que nos conhecemos. Foi através de um amigo em comum, como ocorre no início de muitos relacionamentos. Parecia o casamento ideal, mas logo de cara, não foi amistoso. Na verdade, eu já o conhecia de outros carnavais. Sempre o via, sabia sempre onde ele estava, figurinha tarimbada com cadeira cativa na coluna social. Ocasionalmente, frequentamos os mesmos lugares, mas ele não sabia a minha existência até o dia em que fomos apresentados oficialmente pela primeira vez. Rapaz de proposta elegante, porém instável. Em menos de meia hora, percebi diversas incoerências em seu discurso. Aquilo tudo que parecia ser, não era, ou melhor, não é. Sua casa, ao vivo, não é tão bonita nem tão confortável como aparentava ser nas páginas das revistas. A legitimidade da furtuna é amplamente duvidosa. Os funcionários e os amigos da família, cordiais por educação, parecem exalar discretas porções de veneno cada vez que algo os intimida. Inevitavelmente constatei: um gigante de pernas frágeis escondido atrás de uma vitrine. O glamour, almejado por muitos, não passa de uma tentativa de camuflar deficiências tolas. E essas são várias... Como um pavão, ele impõe uma plumagem multicolorida capaz de impressionar os mais desatentos e não íntimos. Continuo encontrando-o vez ou outra. Flashes o cercam toda vez que aparece em público. Mas... quando afastada a lente de aumento... O gigante não é rei. O gigante é anão e, ainda por cima, manco. Posso vê-lo capencando a passos débeis para um futuro parco.
Marcadores: A Repórti
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