Sexta-feira...
e não era 13, mas o dia amanhecera estranho e não porque mergulhado num fog quase londrino, daqueles que convidam para ficar em casa...observando o dia se abrir.
ELA saiu cedinho porque tinha hora marcada - do tipo só consegue de um mês para outro -, e precisaria ao menos de meia-hora para percorrer os 24 km de casa ao centro, se o trânsito estivesse calmo e a cerração não muito espessa. Foi me dizendo que estava um tanto atrapalhada, sabia que iria esquentar ao meio-dia, foi trocar a roupa quente, saiu e nem tomou café. Uns metros após virar a esquina, dois carros batidos. Coisa leve, mas na quadra seguinte outro lhe cortou a frente. Pensou que o povo estava cego pelo nevoeiro, embora o carro dela fosse vermelho. O mesmo se repetiu na lombada eletrônica. Aí ELA sentiu que deveria redobrar a atenção porque tinha realmente algo estranho no ar. Foi por caminhos de menor tráfego, deu uma volta maior e mais lenta, e o relógio correndo. No centro, quis estacionar e quem diz que as 8 e 15 da manhã havia lugar vago? Fez a volta e a quadra seguinte também cheia. Todos resolveram tirar o carro da garagem no mesmo dia? Mais duas voltas e entrou num estacionamento pago. Enfim, corre para a consulta já atrasada. Ao atravessar a rua - na realidade uma ladeira onde os automóveis não rodam, se jogam rua abaixo -, correu de um palio azul marinho. Foi quando no meio do caminho sentiu um estirão na perna direita. Cãimbra? Parecia que o músculo tinha embolado e esticado em fração de segundos. A dor lacerante não poderia pará-la sob o risco de ser atropelada. Continuou correndo, ou melhor, fez os últimos metros num pé só e a perna encolhida. Não conseguia pisar. Fez todos os movimentos que sabia em caso de câimbra, e quem diz que voltou o músculo voltou ao lugar? Parecia ter vontade própria e ela se manifestava numa bola dolorida na barriga da perna. Ganhou massagem no consultório e nada da dor passar. Não ligou, mancou até o banco e os terminais fora do ar. Foi ligar para acertar com o cara da mudança e o celular tinha descarregado. Foi até a loja da amiga para carregar o bendito e estava fechada. E o carro longe no estacionamento e a panturrilha uma pedra. Passou na farmácia e comprou uma espécie de gelol. Pegou carona com o filho de outra amiga até o estacionamento. Sentou no carro e massageou a perna. O cheiro do mentol substituiu o velho Noa. Foi quando descobriu que estava sem a chave da porta da luz e que teria que esperar até ao meio-dia para poder abri-la para os homens levarem o material que trocaria de casa. E não poderia voltar porque tinha reunião as 14 horas. Resolveu subir os três lances de escada do apartamento e esperou por eles. Quando saíram, atirou-se na cama e ergueu as pernas. Dera para pensar que diabos estava a fazer da vida e quanto tempo teria para resolver tudo. Tinha pressa, porque o tempo urge. Foi trabalhar e esticou a perna sobre a gaveta do birô, que passou a servir de apoio. De vez em quando uma voltinha pra aliviar a dor nas costas. Passou o dia mancando, e descobriu que a torção era mais complicada do que pensara. A terapeuta a atendeu, massageou, curou e diagnosticou: inflexibilidade! Medo do novo! Apego ao passado! Mas passa... tá passando...
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Marcadores: Dorotéia
2 Comentários:
A perna inchada e dolorida não é nada! E o óculos de sombra italiano que ELA quebrou ao entrar no carro???!!!
Essa Dó, viu?... Fera!
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