Desgraceira de vida
Semana passada meu filho me liga perguntando o que ele devia fazer. Ele tinha ido comer cachorro quente com a namorada e enquanto esperava, um rapaz usuário de drogas se aproximou pedindo dinheiro.
Noite fria de Curitiba. O moço estava de manga curta e explicou que tinha acabado de "cheirar" o moleton mas queria ir para casa, em Colombo. Ele preferiu levar a namorada para casa mas ficou extremamente tentado a voltar e dar algum para o rapaz.
Me ligou e eu disse que talvez fosse melhor não dar. Do pouco que sei pelo que passamos em casa com o meu irmão, tenho uma ideia do quanto um ser humano sob efeito do vício pode ser capaz de interpretar.
Meu filho chega em casa em frangalhos. Chorando como criança. Perguntei o que tinha acontecido.
-Não sei como ajudar... Não sei o que deveria fazer...
E soluçava.
O meu filho se encontrou com o sentimento de impotência de milhares de pais que passam por esse inferno que são as drogas. Milhares de amigos que simplesmente não sabem o que fazer enquanto, em nome do livre-arbítrio, veem seus amados e próximos enfiarem suas vidas em um mundo de desgraça.
Disse a ele que talvez pudéssemos ligar para o meu irmão e colocar o moço na casa de recuperação.
O filho responde:
-ele já foi internado 3 vezes, mãe.
Só consegui abraçá-lo. Não tinha mais o que fazer, a não ser pensarmos em como somos pequenos perto de tanta desgraça por aí.
Dois dias depois o namorado resolve me buscar no ponto do ônibus. Gringo, nem um pouco acostumado às surpresas humanas da América do Sul, me avisa:
- tem um cara deitado do lado daquele carro ali. Não sei se ele quer assaltar, se quer esperar as pessoas do carro, ou se está passando mal. Não sei o que fazer.
Era noite. Noite fria de novo. Passando pelo homem dou uma olhada. Identifico que o senhor está muito bêbado. Mas está levantando. Com dificuldade, levanta. Liguei para a polícia para saber o número da Fundação de Ação Social da cidade. Quando ligo para o outro número vejo pela janela da minha casa que ele se foi. E fico pensando: quem viria? Se eu dissesse que é um João ninguém bêbado, quem viria?
Acabo de receber um sms do meu filho.
- Qual é a chance, mãe, em 2 milhões de pessoas, de eu encontrar aquele mesmo cara, passando noiado por mim na rua, em um outro ponto da cidade?
Noite fria de Curitiba. O moço estava de manga curta e explicou que tinha acabado de "cheirar" o moleton mas queria ir para casa, em Colombo. Ele preferiu levar a namorada para casa mas ficou extremamente tentado a voltar e dar algum para o rapaz.
Me ligou e eu disse que talvez fosse melhor não dar. Do pouco que sei pelo que passamos em casa com o meu irmão, tenho uma ideia do quanto um ser humano sob efeito do vício pode ser capaz de interpretar.
Meu filho chega em casa em frangalhos. Chorando como criança. Perguntei o que tinha acontecido.
-Não sei como ajudar... Não sei o que deveria fazer...
E soluçava.
O meu filho se encontrou com o sentimento de impotência de milhares de pais que passam por esse inferno que são as drogas. Milhares de amigos que simplesmente não sabem o que fazer enquanto, em nome do livre-arbítrio, veem seus amados e próximos enfiarem suas vidas em um mundo de desgraça.
Disse a ele que talvez pudéssemos ligar para o meu irmão e colocar o moço na casa de recuperação.
O filho responde:
-ele já foi internado 3 vezes, mãe.
Só consegui abraçá-lo. Não tinha mais o que fazer, a não ser pensarmos em como somos pequenos perto de tanta desgraça por aí.
Dois dias depois o namorado resolve me buscar no ponto do ônibus. Gringo, nem um pouco acostumado às surpresas humanas da América do Sul, me avisa:
- tem um cara deitado do lado daquele carro ali. Não sei se ele quer assaltar, se quer esperar as pessoas do carro, ou se está passando mal. Não sei o que fazer.
Era noite. Noite fria de novo. Passando pelo homem dou uma olhada. Identifico que o senhor está muito bêbado. Mas está levantando. Com dificuldade, levanta. Liguei para a polícia para saber o número da Fundação de Ação Social da cidade. Quando ligo para o outro número vejo pela janela da minha casa que ele se foi. E fico pensando: quem viria? Se eu dissesse que é um João ninguém bêbado, quem viria?
Acabo de receber um sms do meu filho.
- Qual é a chance, mãe, em 2 milhões de pessoas, de eu encontrar aquele mesmo cara, passando noiado por mim na rua, em um outro ponto da cidade?
2 Comentários:
o final: uau!
Difícil mesmo...a sensação de impotência é algo miserável...
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial