SAUDADES
Sou de sentir saudades. Das coisas mais bobas principalmente. Hoje passei o dia com saudades. Daquele carro do amigo que que eu dirigi. Dos cabelos loiros que já tive. Do passeio de escuna até Morro de São Paulo. Da pose pra foto em frente a obra de Mario Cravo. Saudade do conhecido no avião que me segurou de Salvador a São Paulo no dia em que meu pai estava em coma. Saudade do casamento da Sonia. Do casamento do Bira. Tenho saudades dos domingos na Ponta da Praia com os amigos do colegial. Tenho saudades de uma saia azul que eu tive. E das garupas de algumas motos em que andei. Tenho saudades do Bidu, o vira latas, e do Eurico, o Dálmata que ria. Tenho saudades do macacão vermelho que dei pra empregada grávida. Sinto saudades da indescritível sensação de ver a Torre Eiffel pela primeira vez debaixo de uma chuva fina e do sabor do primeiro pão que comi na rua no Cairo. Sinto saudades da Pça lá do lado de casa e de ver meu pai vindo devagarzinho, caminhando pela calçada.
Do mesmo jeito que sinto saudades de ver o fusca verde sair da avenida e fazer a curva pra entrar na garagem.
Às vezes sinto saudades até da blusa de linho lilás.
Mas só às vezes.
Na maioria do tempo, sinto saudades de amanhã.
Do mesmo jeito que sinto saudades de ver o fusca verde sair da avenida e fazer a curva pra entrar na garagem.
Às vezes sinto saudades até da blusa de linho lilás.
Mas só às vezes.
Na maioria do tempo, sinto saudades de amanhã.
Marcadores: Denis Rivera
4 Comentários:
Texto lindo...a saudade também!! Besos
Coisa fofa :)
É, D, o bom é que é saudades...e não falta de... Muito delicado seu texto!
Só não tem saudades quem não viveu nada que valha a pena. Saudade é tempero, é sal. Lindo texto.
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