Sangrando
Ok, é um pouco dramático esse título, mas eu acabo de voltar da última aula de flamenco aqui de Sevilla, logo tenho todo o direito de ser dramática. E acho que enfrentei os pudores de falar de um assunto que para alguns é escatológico e sempre assusta/enoja (apesar de, para mim, ser a coisa mais normal da face da terra)...
Sim, estou sangrando. Figurativa e literalmente. Como qualquer mulher, figurativa e literalmente. Eu não sei qual é a do destino, do Deus no alto dos céus, do ciclo biológico, ou sei lá, do acaso cósmico, que toda vez que faço uma virada na minha vida, estou sangrando. Quando cheguei em Sevilla estava sangrando. E agora que estou indo embora, estou sangrando, de novo. Quando cheguei, achei até engraçado que o apartamento que aluguei ficava do lado da Igreja de Nuestra Señora de las Reglas – e ali até o altar é vermelho...
Tem gente, como minha irmã que não entende porque passo sempre por isso todos os meses. É cólica, dor de cabeça, dor no corpo, falta de energia e um incrível mau-humor. Fora o que todo mundo já conhece quando se fala de TPM: uma sensibilidade tão alta que parece que o mundo realmente vai acabar. A qualquer momento. E de um jeito muito triste.
Bem, tem remedinho, tem hormônio, tem colocação disso e daquilo que tirariam esses sintomas. Mas continuo querendo sangrar todos os meses. Há uma opção filosófica nisso: nesses dias eu tenho a exata sensação de que não consigo tudo, de que preciso de proteção, de que não sou uma supermulher. Sei que vai parecer arrogante, mas no resto do mês eu ajo assim. Resolvo tudo, vou lá faço e aconteço. Mas nesses dias, me sinto um micro-organismo. Alguém que pode ser esmagado a qualquer momento pelas pressões diárias. E aí uma mágica acontece: boto o pé no freio.
Uma vez, quando me queixei de como ficava nesses dias e de que só queria ficar quieta no meu canto, uma amiga antropóloga contou que há tribos indígenas em que, nesses dias, as mulheres se recolhem a “Cabana da Lua”. Lá só ficam entre mulheres (porque imagino que se entendam) e fazem serviços leves como bordados, tecelagem, coisas simples e leves para se cuidarem mesmo.
Depois dessa informação, me recuso a tomar remedinho para manter o alto nível de produção que nosso mundo capitalista pede. Eu sinto dor, sim. E eu paro, ou melhor, diminuo a velocidade. E lembro todos os meses que nem sempre sou tão foda quanto imagino que sou. E que não preciso aguentar tudo que vem pela frente. E que posso ser pequenina e pedir ajuda. Ou só chorar, como bem me aconselhou a Denis.
Enfim, me despedindo de Sevilla estou sangrando. Dos dois jeitos.
Sim, estou sangrando. Figurativa e literalmente. Como qualquer mulher, figurativa e literalmente. Eu não sei qual é a do destino, do Deus no alto dos céus, do ciclo biológico, ou sei lá, do acaso cósmico, que toda vez que faço uma virada na minha vida, estou sangrando. Quando cheguei em Sevilla estava sangrando. E agora que estou indo embora, estou sangrando, de novo. Quando cheguei, achei até engraçado que o apartamento que aluguei ficava do lado da Igreja de Nuestra Señora de las Reglas – e ali até o altar é vermelho...
Tem gente, como minha irmã que não entende porque passo sempre por isso todos os meses. É cólica, dor de cabeça, dor no corpo, falta de energia e um incrível mau-humor. Fora o que todo mundo já conhece quando se fala de TPM: uma sensibilidade tão alta que parece que o mundo realmente vai acabar. A qualquer momento. E de um jeito muito triste.
Bem, tem remedinho, tem hormônio, tem colocação disso e daquilo que tirariam esses sintomas. Mas continuo querendo sangrar todos os meses. Há uma opção filosófica nisso: nesses dias eu tenho a exata sensação de que não consigo tudo, de que preciso de proteção, de que não sou uma supermulher. Sei que vai parecer arrogante, mas no resto do mês eu ajo assim. Resolvo tudo, vou lá faço e aconteço. Mas nesses dias, me sinto um micro-organismo. Alguém que pode ser esmagado a qualquer momento pelas pressões diárias. E aí uma mágica acontece: boto o pé no freio.
Uma vez, quando me queixei de como ficava nesses dias e de que só queria ficar quieta no meu canto, uma amiga antropóloga contou que há tribos indígenas em que, nesses dias, as mulheres se recolhem a “Cabana da Lua”. Lá só ficam entre mulheres (porque imagino que se entendam) e fazem serviços leves como bordados, tecelagem, coisas simples e leves para se cuidarem mesmo.
Depois dessa informação, me recuso a tomar remedinho para manter o alto nível de produção que nosso mundo capitalista pede. Eu sinto dor, sim. E eu paro, ou melhor, diminuo a velocidade. E lembro todos os meses que nem sempre sou tão foda quanto imagino que sou. E que não preciso aguentar tudo que vem pela frente. E que posso ser pequenina e pedir ajuda. Ou só chorar, como bem me aconselhou a Denis.
Enfim, me despedindo de Sevilla estou sangrando. Dos dois jeitos.
Marcadores: Dna. Bona
3 Comentários:
ôxe amiga, quanta dor!! Tb sangrei nos momentos decisivos da minha vida...era assim, aleatório,dependia da intensidade da emoção. Foi tb assim, por conta de uma intensa emoção que parei de sangrar no sentido literal.
De todo modo, sinal de que vc está sensível ao modo como a vida se apresenta. Bem-vinda de volta, ainda que sangre. besos
É como chorar sangue... Mas vale! Chore tudo... depois é só partir pro abraço!!!
bonito :)
é muito importante perceber os ciclos e como passamos por eles.
bom retorno, guapa!
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