Minha vó é heroína*
Hoje, 6 de janeiro.
Dia de desmontar o presépio.
Dia de Reis.
Aniversário de vó Nina.
Vó Nina, costureira de mão cheia, avó de primeira, mãe de meu pai, cinco filhos,
coloca qualquer neto na linha.
Carinhosa, organizada. Ativa.
Não perde uma feira e a pescaria.
Apaixonada por filme de luta: Jet Li, Jack Chan, Van Damme...
já assistiu todos.
Cara de índia, baixinha.
Sabe fazer canoa, cortar lenha, fazer fogo e pescar piranha.
Sabe fazer calcinha, sutiã, blusinha.
Simpatia e ambrosia.
Gosta de mato, trilha, morro.
Me ensinou a prepar a linha, tirar o muzuá da água,
separar o camarão e espeta-lo no anzol.
Adora água.
Atravessa o rio de canoa sem se intimidar com a buiuna.
Faz café na canoa...
Sussuarana, lá nos mato perto da barragem, já cruzou com várias.
Caipora?
É amiga.
"É só deixar um pedaço de fumo de corda", ensina.
Neguinho d'água?
Às vezes o vê na beira do rio. Meu pai já viu também. Mais de uma vez...
Tem medo de nada. Só de vaca leiteira.
No alto da pedra (lá na Barragem de Pedra) tem um cruzeiro,
uma gruta.
Sobe romaria, turista, curioso, aventureiro, adolescente.
É trilha picada, mato arisco.
Eu nunca fui, só vejo de baixo e sei das histórias que minha vó conta.
Ela já foi várias vezes. Ano passado foi de novo.
Safira, minha irmã, foi uma vez e botou os bofes pra fora. Disse que é muito alto,
duas horas de caminhada. Que é lindo, mas não vai mais.
Não sei quantos anos vó Nina tem.
São poucos fios brancos, cabelo fininho, lisinho, preto. De índia.
Às vezes ataca a coluna, às vezes a pressão sobe.
Bicuda.
Na década de 1950 saiu de Jequié e enfrentou São Paulo com os filhos, sem marido.
É história de verdade, minha avó, de Safira e (numa conta apressada que fiz agora) de outros 11 netos.
Dois moram com ela.
Safira adora ficar na casa dela.
Nordestina forte.
É ou não é uma heroína?
(*) E ainda tenho outra vó. Zilda. Essa merece mais que um post: um livro.
Dia de desmontar o presépio.
Dia de Reis.
Aniversário de vó Nina.
Vó Nina, costureira de mão cheia, avó de primeira, mãe de meu pai, cinco filhos,
coloca qualquer neto na linha.
Carinhosa, organizada. Ativa.
Não perde uma feira e a pescaria.
Apaixonada por filme de luta: Jet Li, Jack Chan, Van Damme...
já assistiu todos.
Cara de índia, baixinha.
Sabe fazer canoa, cortar lenha, fazer fogo e pescar piranha.
Sabe fazer calcinha, sutiã, blusinha.
Simpatia e ambrosia.
Gosta de mato, trilha, morro.
Me ensinou a prepar a linha, tirar o muzuá da água,
separar o camarão e espeta-lo no anzol.
Adora água.
Atravessa o rio de canoa sem se intimidar com a buiuna.
Faz café na canoa...
Sussuarana, lá nos mato perto da barragem, já cruzou com várias.
Caipora?
É amiga.
"É só deixar um pedaço de fumo de corda", ensina.
Neguinho d'água?
Às vezes o vê na beira do rio. Meu pai já viu também. Mais de uma vez...
Tem medo de nada. Só de vaca leiteira.
No alto da pedra (lá na Barragem de Pedra) tem um cruzeiro,
uma gruta.
Sobe romaria, turista, curioso, aventureiro, adolescente.
É trilha picada, mato arisco.
Eu nunca fui, só vejo de baixo e sei das histórias que minha vó conta.
Ela já foi várias vezes. Ano passado foi de novo.
Safira, minha irmã, foi uma vez e botou os bofes pra fora. Disse que é muito alto,
duas horas de caminhada. Que é lindo, mas não vai mais.
Não sei quantos anos vó Nina tem.
São poucos fios brancos, cabelo fininho, lisinho, preto. De índia.
Às vezes ataca a coluna, às vezes a pressão sobe.
Bicuda.
Na década de 1950 saiu de Jequié e enfrentou São Paulo com os filhos, sem marido.
É história de verdade, minha avó, de Safira e (numa conta apressada que fiz agora) de outros 11 netos.
Dois moram com ela.
Safira adora ficar na casa dela.
Nordestina forte.
É ou não é uma heroína?
(*) E ainda tenho outra vó. Zilda. Essa merece mais que um post: um livro.
Marcadores: Tássia Novaes
4 Comentários:
Uia, que lindo!!!
Parabéns a sua avó e a você que tem uma assim, de fibra! Agradeça aos céus a longevidade dela e usufrua!!! Bj
Lindo! Lindas! Bom ler este texto, ainda não consigo escrever sobre a minha. Quem sabe abrimos este tema?
Que orgulho, hein? Olha que é uma boa ideia essa de falar das avós. As minhas já se foram, mas sempre fica um troço gravado na gente que tem muito delas...
é! o tema está aberto! quem é a próxima?
Vai que é tua, Rivera.
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial