A noite em que Santa Maria vestiu branco
Hoje a lua cheia cintila mais do que em outras noites. Está maior e mais próxima. E foi desse jeito que ela iluminou a multidão chegando, silenciosa, à praça central da cidade.
Nessa noite, 28 de janeiro de 2013, Santa Maria vestiu-se de branco. Seu povo se concentrou em frente à praça Saldanha Marinho, no centro da cidade. Logo não havia mais praça, nem rua, nem canteiros...Fez-se um mar de gentes, todas de branco, uníssonas em suas vozes, em suas palmas, em seu canto. Gentes que nasceram aqui, que vieram depois, que foram e voltaram, que foram mas ainda estão.
Depois, seguiram caminhando. E na medida que percorriam as ruas rumo ao centro desportivo - local onde os 231 corpos foram identificados e, muitos, ali mesmo velados-, outras pessoas se somavam.
Trinta e cinco mil, aponta a brigada militar. "Dez mil, quinze? Acho que éramos uma só pessoa com milhares de passos", diz o filósofo que também é fotógrafo.
A dor coletiva que tornou todos uma só pessoa, se transformou em mobilização. Iniciativa de um e outro, num movimento espontâneo convocado via facebook.
Rostos estranhos andando lado-a-lado pelas ruas da cidade. Mas ali eram todos iguais, todos movidos pela mesma razão, todos em comoção, todos desolados, em oração, interrompida apenas por ondas de palmas que seguiam em seu ritmo de mar, e em pedidos por justiça.
O centro desportivo não comportou a todos. Não eram esperados tantos. Os violinos calaram as gentes e os chamaram a cantar. Foram abraços sentidos, tantas lágrimas, tanta lástima, tanta tristeza, tanto silêncio.
A imprensa registrou o retrato da dor. A nossa dor. Já se disse tudo. A partir daqui, tudo será redundante. Suites de um acontecimento que cessa com o enterro dos mortos. Eles se foram e agora... é preciso continuar. Ainda há feridos para cuidar.
Nessa noite, 28 de janeiro de 2013, Santa Maria vestiu-se de branco. Seu povo se concentrou em frente à praça Saldanha Marinho, no centro da cidade. Logo não havia mais praça, nem rua, nem canteiros...Fez-se um mar de gentes, todas de branco, uníssonas em suas vozes, em suas palmas, em seu canto. Gentes que nasceram aqui, que vieram depois, que foram e voltaram, que foram mas ainda estão.
Depois, seguiram caminhando. E na medida que percorriam as ruas rumo ao centro desportivo - local onde os 231 corpos foram identificados e, muitos, ali mesmo velados-, outras pessoas se somavam.
Trinta e cinco mil, aponta a brigada militar. "Dez mil, quinze? Acho que éramos uma só pessoa com milhares de passos", diz o filósofo que também é fotógrafo.
A dor coletiva que tornou todos uma só pessoa, se transformou em mobilização. Iniciativa de um e outro, num movimento espontâneo convocado via facebook.
Rostos estranhos andando lado-a-lado pelas ruas da cidade. Mas ali eram todos iguais, todos movidos pela mesma razão, todos em comoção, todos desolados, em oração, interrompida apenas por ondas de palmas que seguiam em seu ritmo de mar, e em pedidos por justiça.
O centro desportivo não comportou a todos. Não eram esperados tantos. Os violinos calaram as gentes e os chamaram a cantar. Foram abraços sentidos, tantas lágrimas, tanta lástima, tanta tristeza, tanto silêncio.
A imprensa registrou o retrato da dor. A nossa dor. Já se disse tudo. A partir daqui, tudo será redundante. Suites de um acontecimento que cessa com o enterro dos mortos. Eles se foram e agora... é preciso continuar. Ainda há feridos para cuidar.
2 Comentários:
Forte Pró. E firme! Como seria de se esperar de uma mulher que "abre champagne com o sabre".
Estamos juntas!
Amiga, esse é mais um momento-desafio que nos faz olhar para quem fica. Quem foi está no aconchego do Pai/Mãe eternos. Quem fica, fica com um buraco. E é desse buraco que devemos tratar pq ele também mata. Aos poucos e de maneira ainda mais dolorosa. A vida, bem tão precioso, precisa ser cuidada, aguada, protegida. E é dela que devemos cuidar. Manda meu abraço fraterno de caminhada junta pra todos os pais que encontrar. Eu não tenho ideia da dimensão da dor deles. Mas sei que é algo além do insuportável. Por isso, se encher de vida é a opção de sobrevivência. Imagino que só temos essa. beijo
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