segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O estupro nosso de cada dia

Ok, o título está meio forte mesmo. Mas é assim que me sinto quando essas coisas acontecem. Eu nunca sofri um estupro (e agradeço todos os dias por isso) mas já fui vítima daquelas cantadas arquinojentas vindas de velhos caquéticos no ônibus que estavam prontos para dizer que a louca era eu se eu fizesse algo. Já me senti assim, desprotegida e impotente, perto de clientes que faziam convites para lá de suspeitos. E sei que esse sentimento deve ser multiplicado por 90 milhões quando somos vítimas de estupro.
Enfim, um sentimento similar a esse toma conta de mim em situações de injustiça. Mas não daquela injustiça que você sabe o que fazer e tem como gritar, é daquela que vem sem avisar, pega você desprevenida e você não sabe nem a quem recorrer. Bem, nas últimas semanas tenho quatro delas para elencar aqui:
Situação 1
Você compra três livros que devem vir pelo correio. Você espera que eles cheguem no tempo adequado. Eles não chegam. Você vai checar e descobre que o carteiro que deveria tentar entregar por 3 vezes, não tenta e deixa um bilhetinho para você ir à agência do correio buscar. Lá você vai e fica, já pela terceira vez, em uma fila que demora em média 1 hora. Quando é atendido, a pessoa entrega um dos livros e diz que para pegar os outros você precisa receber o “papelzinho” em casa, porque o papel é unitário. Você chega em casa e faz valer os seus direitos. Escreve no site dos correios que aquela agência é horrível e você quer trocar. Quer receber seus livros em outra menos ocupada. A resposta é não. Não, você não pode mudar de agência de correio e o carteiro não tentou mais de uma vez entregar as coisas porque as gerências regionais decidiram que seria assim.
Situação 2
A Polícia Federal diz no site dela que para renovar o visto de estada no Brasil você precisa ir em uma agência SEM AGENDAR, com o xerox simples de diversos documentos, incluindo de todas as folhas do passaporte. Você chega lá, do outro lado da cidade, na agência, carrega a impressão da página da web com essas instruções e não é atendida.
- É preciso agendar!
- Mas aqui no site diz que era para eu vir direto...
- É, eles estão testando o sistema, mas não sabem como estamos aqui ocupados. Olha vou agendar para próxima semana e traga os documentos com cópia autenticada, tá?
- Mas aqui diz que deve ser cópia simples.
- É, eu sei, mas Brasília tem pedido diferente...
Você agenda, respira e vai embora, porque com Polícia não se briga.
Seguindo as instruções do policial – o de carne e osso – você faz as cópias do passaporte de 4 em 4 por página para poder economizar na autenticação. Chega ao cartório e eles fazem DUAS autenticações por página. Você pergunta por que terá que pagar duas vezes por página. Eles respondem que é assim que eles fazem e pronto. Como você não tem tempo de discutir, você vai embora porque o agendamento com a polícia não pode atrasar.
Ainda assim você liga para dois amigos advogados para saber com quem deve reclamar sobre o cartório. Corregedoria do Estado. Aí você pensa: farei isso assim que der um tempo. E passam-se duas semanas e você não teve tempo para reclamar.
Situação 3
Você já pediu para a sua gerente do banco explicar como os juros da sua conta são calculados? Vou dizer: eles têm uma fórmula. Dessas que você não entende. E dizem que é assim e pronto. Mas se você tentar calcular em casa com o valor dos juros que dizem que cobram, sempre encontrará um valor menor do que realmente aparece na fórmula. E aí? Quem consegue reclamar disso?
Situação 4
Você quer pagar o seu débito na instituição de ensino em que você estuda. Calcula tudo a partir do contrato que você assinou. Quando fala com o pessoal da cobrança descobre que os juros deles são calculados de maneira diferente dos seus. E mais, a empresa contratada de cobrança passa um valor que, em mais de 20 emails depois, ela ainda não sabe explicar, nem com fórmula, nem em relação ao contrato que você assinou. Aí quando você resolve falar com a instituição diretamente, o valor mostrado não é o nem o que você calculou, nem o que a empresa cobradora calculou. É um terceiro. E é esse que você precisa pagar mesmo sem concordar porque é assim que eles calculam. Eles têm uma fórmula também.
Você deve estar pensando e me aconselhando: pegue um advogado, reveja os contratos tanto com o banco quanto com a instituição educacional e vá atrás dos seus direitos. Vá a Corregedoria do Estado! Reclame do cartório! Vá a Polícia (de quem você precisa de um visto) e reclame...
Enfim, hoje eu entendo porque algumas meninas estupradas não reclamam, não denunciam. Não as julgo, apesar de saber que é o mais necessário. Mas o desgaste é tão grande, mas tão grande, mas tão grande que eu as entendo se quiserem viver com isso para o resto da vida, guardando somente pra si.

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3 Comentários:

Anonymous Rosana Zucolo disse...

Ui!!!!!!!!!
No ùltimo quisito: somei tudo que paguei à instituição e não, a conta deles não batia com a dos meus comprovantes no IR. Mantive o meu.
Mês passado o boleto não chegou. Liguei para saber - 15 minutos para ser atendida e mais meia hora para descobrir que o endereço no sistema era outro. Como? Quem mudou? Ninguém sabe, ninguém viu e a pergunta retornada: Vc atualizou os seus dados?
Como atualizaria com um endereço que ñão é o meu? Enlouqueci?
Erro do sistema e quem paga a multa pelo atraso? Eu, claro!Reclama-se com quem? Ninguém responde...



14.8.12  
Blogger Dna. Bona disse...

Hum, bom saber. O meu não chegou também e achei que era problema meu... Falemos em conjunto, então. beija

14.8.12  
Blogger Paula Bolzan disse...

Dá um enorme cansaço!!!! Um verdadeiro rolo compressor! Força e fé, Dna. Bona! Ommmmm

14.8.12  

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