LOUCO POR MAR
- MARIA IZABÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉLAAAAAAAAAA...
- ÔÔÔÔiiii.
- SAI DA ÁGUA AGORA!
- Já tô saindo... (e tchabum, mais um mergulho)
- SÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁI OU VOU DESCER...
Não sei se a Izabela saiu da piscina mas eu me lembrei do Daniel.
Nasci em Santos moro em Salvador. Talvez isso justifique a minha falta de compreensão por essa paixão desvairada que alguns seres tem pelo mar. Dizem que os mineiros são os piores, mas cresci vendo paulista se jogar no mar em cada situação de arrepiar. E santistas também. A comadre Sonia é uma dessas. Fica mal, bate o pé, entra em deprê, sofre de doer a cabeça se não pode ver/usar o mar. Falou em sol ela levanta!
Comadre casou e nasceram Laiz e Daniel. Loguinho vieram pras férias na casa da Dinda aqui na Bahia. Comadre ainda hesitou porque as crianças eram muito crianças. Bebês mesmo. Mas era pra fazer nada! Só ficarmos juntos! E claro, ir a praia. Eu morava no Maria Cristina, na Princesa Izabel, que fica a digamos meia quadra do Porto. Fácim fácim. Tão fácim e o povo gostava tanto tanto de praia, que passamos a ir duas vezes por dia. Na verdade saíamos na hora do sol canceroso. O resto do tempo era todo no Porto.
Um paraiso é verdade. Um presente dos deuses! E em companhias ideais não há nada mais a se desejar. Sonia e eu bebemos todas as cervejas de uma vida só com a cabeça pra fora d'água e sendo servidas como rainhas. Laiz e Daniel fizeram todos os castelos do mundo com a ajuda da Janete - a doméstica da época - que por um mês teve uma só uma tarefa: cuidar das crianças! Bom... não sei qual deles gostava mais da praia e o prazer deles me encantava!
Mas claro, tinha a hora de vir embora.
Comassim embora? Porquê? Pra que? Pra onde? Pra fazer o quê? Quando? As crianças repetiam as perguntas todo dia, infinitamente... e quem já viu como é criança que não quer sair da praia, sacumé.
Lá pelo vigésimo dia de férias Sonia e eu resolvemos fazer um teste e decidimos ficar na praia até a hora em que as crianças quisessem. OK. Combinamos assim!
Manhã na praia. Pausa para o almoço. Tarde inteira de volta na praia e lá vem o por do sol! Foi. Escurece. Daniel começa a dar sinais de cansaço. Dá seis e meia e as crianças na maior... Dá sete horas. Noite. Sete e meia. Fome. Vamos? Laiz concorda mas Daniel não!
Perto das oito Daniel começa a cair sozinho. Vamos! Nãããããããõoooo.... Vamos Dani, vc já tá cansado! NÃO TÔ! Estava morto mas... continuava firme - da forma possível - na decisão de se manter na praia.
Oito e pouco e basta. Eu e Laiz caminhando e Sonia pega Dani no colo. Vem o choro. Subimos a escada, atravessamos a rua e ele... chorando! Não é possível! Em algum momento isso vai parar! Sonia coloca Daniel no chão e apressamos o passo com aquele texto "então você fica sozinho porque a gente vai pra casa" e aceleramos o passo pra que ele nos perdesse de vista. Nos escondemos. Adivinhe? Daniel com 2 anos, exausto e aos prantos dando seus passinhos de bebê como um bêbado e balbuciando como embriado "não quero ir..." "não quero ir..."
História de 20 anos.
Continuo sem entender essa tresloucada obsessão pela água mas Sonia ainda é igualzinha e Daniel que vive em Floripa, imagino que vai a praia quando quer e fica até a hora que bem entende seja noite ou seja dia! Inclusive bêbado!
Marcadores: Denis Rivera
3 Comentários:
Belo!!!! Dá pauta!!!Memórias afetivas são o que tem de melhor.
:) Delícia! O mar recarrega mesmo, D.
E eu era daquelas que fazia birra pra ficar dentro d´água!
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