A IDADE E EU. 24 Amélia.
Tenho 24 anos. Jovem vocês diriam. Eu digo adulta.
Vivo em um mundo de terabites e redes sociais com milhares de amigos que não conheço. Na balada tenho qualquer coisa sintética e cara pra me deixar feliz com uma coca zero proibida nos Estados Unidos.
Na Universidade tenho professores que acham correto o naum e o kct e colegas de turma que exibem um carro zero importado diferente a cada semestre.
No guarda roupa tenho jeans que são meias, calças que são saias longas, vestidos que na verdade são camisolas e saias que são faixas. Como blusa posso usar um soutien ou a camisa nº5 do meu pai.
Na bolsa levo todo o arsenal que mainha usa e mais: M&M, os 3 Is (Ipod Iphone Ipad), gloss, rímel, primer, fio dental, lenços úmidos e uma garrafinha de água Evian na mão.
Ouço o que quero na língua que escolher dentro do quarto que é meu e que ninguém entra sem bater antes na porta. Passo final de semana com as amigas na Praia do Forte. Vou de lancha pra Itaparica. Viajo pra esquiar.
Magérrima, teria o corpo que as meninas morrem pra ter se... eu fosse alta. Mas com 1,65cm sou só “aquela magrinha” nada sedutora para eles. Eles? A grande maioria que conheço faz o tipo “papai é rico eu sou bestinha”. A minoria é pobre, trabalha muito, ganha pouco e só dá pra encontrar no cinema ou na livraria.
Meu último namorado, bom a bessa, foi fazer pós em São Paulo – onde mora o pai. O Sul ainda é o Sul Maravilha do Henfil pra muita gente.
Mas ter 24 anos tem uma vantagem “soberba” (que palavra linda!) e não precisa de mais nenhuma: é pra sempre! É sim! Lembra quando vc teve 24 anos? Você achava que ia passar?
Pois agora sou eu a dona da eternidade e até lá tenho tudo e quem eu bem quiser.
Se me der na louca de ir trabalhar na Casa Branca, eu posso. Se eu quiser ser aeromoça da Web Jet, também posso. Digamos que eu pretenda ser rica - talvez essa seja a hipótese mais fácil. Posso ser pilota de helicóptero! Professora ou Doutora. Garota de Programa ou dona de bordel (“casa de encontros”). Até atleta posso ainda ser – se quiser.
Mas vocês sabem, sou humilde e não sou louca. Só quero o que vocês com certeza também quiseram com 24: ser feliz!
E há quem jure que na Bahia é fácil ser feliz. Há controvérsias...
Diria eu que depende da geografia. Juro. A geografia que não fotografa bem sácumé? No local onde vive algo em torno de 80 por cento da população de Salvador – hoje com 3 milhões de habitantes - felicidade não se encontra nas esquinas. A pirâmide social aqui, tem uma base gigantesca! E essa geografia impede a felicidade.
Mas ó... às vezes me pego aqui sonhadora... dançando junto com um alguém alto e abraço protetor. Outras vezes me vejo na África, ou mesmo na periferia aqui, com os bebês no colo cuidando de desidratação e fome.
Também existem nos sonhos a casa grande, térrea, com cachorros soltos no quintal. Tudo faz parte do futuro que virá. A bela conta bancária também. Filhos... Netos... Posso até ouvir balançarem as samambaias na varanda... (e aqui entra aquela fotinha linda do casal de velhinhos de cabelos brancos...)
Pode não ser nada assim eu sei. Mas sei que será! Tenho certeza! Total e absoluta! Exatamente como vocês tiveram aos 24...
Só que tenho mais do que vocês tá?
Desculpa aê mas eu moro na Bahia e ainda tem Carnaval... som do trio... Gil... Caetano... Ivete e Magary Lord! Lado de dentro da corda do Eva e moito beijo na bôca! Fui!
(* esta é uma obra de ficção - qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais não terá sido mera coincidência)
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4 Comentários:
É verdade. A eternidade mora aos 24.
Amélia, vc j´é um sucesso... eterno!
Mandei meu texto pro seu email, Amélia
aos 24, eu fui à Àfrica :)
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