Segurança...
8h30 da manhã.
Mulherada suando bicas hoje cedo na academia, que tem como endereço a Alameda das Espatódeas, Caminho das Árvores, Salvador-Bahia. Um bairro elegante, com casas residenciais bem valorizadas e um forte comércio especializado em todo tipo de móveis e artigos para decoração de ambientes.
A aula era de ginástica localizada. 30 minutos dedicados aos glúteos. Motivo que explica a presença predominante de mulheres. As outras aulas - de step, jump, pump, boxe, ballance, alongamento, RPM e atack - costumam ter público misto.
Tudo seguia árduo e dolorido - não é moleza elevar a perna em posições desconfortáveis vestindo caneleiras que, no meu caso, variam de 2 a 4kg - até que um dos funcionários que faz a limpeza e manutenção dos equipamentos da sala de musculação interrompeu a aula do professor bonitão-saradão.
O rapaz tentava descobrir se o Fiat Pálio preto deixado no estacionamento da pomposa loja de decoração, que fica exatamente ao lado da academia, era de uma das alunas. Ou seja, alguém tinha estacionado num local impróprio. O veículo precisava ser removido.
A moça das pernas torneadas, o par de coxa mais bonito da sala, se apresentou como proprietária do veículo. Imediatamente tirou as caneleiras de 8kg (uiiii, não sei como ela consegue!) e desceu para estacionar o carro em um lugar onde não fosse causar nenhum tipo de problema.
Minutos depois, quando retornou à aula, o professor bonitão-saradão recomendou que não estacionasse mais ali, porque o gerente da tal loja de decoração costuma ser rigoroso com o espaço reservado exclusivamente aos clientes.
A moça pediu desculpa, embora não fosse necessário. O bonitão-saradão dera apenas uma dica, não uma bronca. E justificou: tinha estacionado ali por ser a vaga que encontrara disponível mais próximo da portaria da academia, quando chegou às 8h da manhã.
Com naturalidade, falei que se ela fosse até a alameda da frente, onde tem um pequeno bosque de eucalipto e um módulo da Polícia Militar, sempre encontraria vaga. É lá que costumo deixar o carro quando o estacionamento da academia está lotado.
Percebi que enquanto eu falava, a moça recuou o olhar para o chão e aos poucos sua fisionomia foi modificando. Assim que terminei de falar, ela mais uma vez se desculpou e justificou: fora assaltada por dois homens armados a menos de três semanas. No Jardim de Alah, por volta das 5h da tarde. Assim que estacionou para tomar uma água de coco e fazer um cooper a beira mar. Levaram o carro, a bolsa e ainda a empurram no asfalto.
Todos compreenderam a situação.
Uma jovem senhora, professora, tentou solidarizar o medo contando que há um mês mais ou menos também perdera o carro ali perto, na Pituba, quando chegava a casa de uma amiga.
Uma outra senhora comentou que o filho foi assaltado no ônibus, quando voltava do crusinho pré-vestibular.
Reforcei que no local sugerido havia um módulo policial. E ela falou que mesmo assim não se sentiria segura. O assalto que a deixou traumatizada aconteceu a menos de cem metros de uma dupla de policiais militares. Eles faziam ronda a pé no local e disseram não ter visto nada.
O grito, de Edvard Much
Marcadores: A Repórti
2 Comentários:
Dureza! Às vezes dá medo de existir! Que bom que voltaram a escrever com força total! Sou leitora de vocês, mas não costumo comentar... Bj
Oxê!!! Cadê a MINHA Bahia??????
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