terça-feira, 14 de julho de 2009

Saúde...

Fabiana tem 25 anos. É mãe de Bruna, 11, e de Gabriela,6. Trabalha como doméstica e, em caso de doença, procura os postos de atendimento do SUS. Bruna tem dores de cabeça e, ao que tudo indica, precisa de óculos. Depois de dois meses, Fabiana conseguiu consulta na SEPAS - um dos postos municipais de atendimento à saúde. Ao chegar, não aceitaram o documento antigo por causa da idade. A vó foi providenciar a carteira no dia seguinte. Não foi possível tirar, porque a impressora do setor estava estragada. Tem que voltar outro dia - não se sabe qual. Na SEPAS, o médico oftalmologista que também tem seu consultório particular e fama de ser muito bom, avisa que mesmo conseguindo a carteira, a consulta será prejudicada porque o aparelho ótico que faz a medição do grau está estragado. Bruna continua com dores de cabeça. Fabiana continua buscando um lugar para a filha fazer o exame. Davi é um menino de 9 anos e estuda na Escola Municipal Adelmo Simas Genro, no Alto da Boa Vista, um dos bairros periféricos de Santa Maria. Ele chega à escola e chora de dor ao andar. As professoras constatam que o menino está com bicho-de-pé. Procuram o posto de saúde que fica na escola para atender a comunidade. Pedem a ficha do menino e constatam que apesar dele estudar ali, mora em outro bairro e por conta disso, não pode ser atendido no local. Deve procurar o posto de saúde junto ao Colégio Marista. O menino continua chorando de dor. A atendente continua irredutível na decisão de cumprir a burocracia. A diretora da escola chama uma das professoras que possui carro, e levam o menino ao outro posto de saúde. Retiraram 17 bichos-de-pé dos dedinhos da criança e um deles corria o risco de ser amputado. O Hospital Universitário de Santa Maria admite que há um surto de gripe na cidade e que não estão mais fazendo os testes para detectar se é a Influenza ou outra qualquer. O motivo seria alto índice de procura pelos exames, o acúmulo de testes nos laboratórios - o HUSM ainda não recebeu os resultados do final de junho - e o preço do exame - algo em torno de R$ 1,5 mil. Dizem também que o governo conforme prometeu, não está repassando o Tamiflu, medicamento usando no tratamento da gripe A. Faltam exames, faltam leitos e falta medicamento. A recomendação do HUSM é para que as pessoas procurem antes as unidades básicas de tratamento em caso de suspeita, ou seja, os Postos de Saúde, e que só procurem o hospital para o tratamento dos casos graves. Santa Maria tem um curso de Medicina na Universidade Federal e dois de Farmácia - um na UFSM e outro no Centro Universitário Franciscano - Unifra. Possui uma farmácia em cada esquina - é uma das cidades com maior número de estabelecimentos no RS -, quase o mesmo para o número de laboratórios que junto às clínicas médicas privadas crescem assustadoramente. Está difícil marcar consultas pelos planos de saúde. Só daqui há meses na maioria deles. Os médicos reclamam que o repasse dos planos de saúde não é suficiente e estão se recusando ou dificultando o atendimento. Casos urgentes caem no plantão dos hospitais conveniados. Muitas vezes, se o sujeito não morre da doença, corre o risco de morrer pelo diagnóstico mal feito nestes locais. Ou seja, se a família não tem um amigo médico, danou-se! Ô cara pálida, até quando???

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5 Comentários:

Anonymous a repórti disse...

Faz mais ou menos um mês que a mãe de uma amiga da minha mãe morreu infartada esperando atendimento na emergência do Hospital Santa Izabel, em Salvador. A senhora de 80 e poucos anos aguardou mais de 4h. O único suporte que encontrou foi o colo do filho. Não resistiu.

Há uns seis anos mais ou menos, no mesmo hospital, minha avó materna recebeu os melhores cuidados ao ser internada com pancreatite aguda. Ficou um mês num quarto. Dois médicos, além do especialista em pâncreas a acompanhava diariamente - um nutricionista e um fisioterapeuta, além das enfermeiras que, cuidadosamente, sempre estavam por perto a cada minuto.

Por que a diferença?
A senhora que morreu agonizando no mesmo hospital que minha vó teve tratamento de primeira não tinha plano de saúde. Seria atendida via SUS. Já a minha vó tem um gratificante plano de saúde vitalício exclusivo a servidores e pensionistas do Ministério da Fazenda.

14.7.09  
Blogger tássia disse...

E mesmo quem tem plano de saúde corre risco de se dar mal.
Ô Rosana, vale a pena assistir o último documentário de Michael Moore - Sicko SOS Saúde.

Um ótimo panorama jornalístico sobre saúde bancada pelo Estado x empresas de plano de saúde. Vale a pena!

14.7.09  
Blogger denis rivera disse...

A gente que já fez e/ou faz campanha política, sabe que bater na área saúde é ponto pro adversário. Ô problema nojento esse!

14.7.09  
Blogger Dorotéia Sant'Anna disse...

E tem muito mais ainda!!!!

14.7.09  
Blogger Cristina Cavasotto disse...

Até quando?! Respondo...até quando nos gaúchos/as, deixarmos a "elegância ignorante" vencer o exercício do nosso direito de cidadão. E façamos o sistema burro e ineficiente andar! Pois fomos educados a não perder a elegância mesmo que a casa esteja desmoronando.
Nesse ponto, minha alma é nordestina, cangaceira e luta pelos seus direitos. Prefiro o rótulo de louca, que de burra elegante. Se as vias normais não funcionam, que usemos as "anormais".

15.7.09  

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