DOROTÉIA
Da série as amigas e as histórias ....
A amiga magra louca diz que o corpo dela é definitivamente ocidental. E nem adianta ELA anunciar os benefícios da acupuntura e técnicas orientais. A amiga magra louca contesta, irada, e diz que do Oriente quer distância.
Estava com dor no ombro quando foi procurar o japonês indicado pelos amigos executivos que a ele recorriam para tratarem as dores musculares. E o bom era o carnê! Sim, o japinha - metro e meio de tamanho - trabalhava com um carnê indicativo do número de sessões pagas antecipadamente.
Eis que a magra louca chega na sala clean - branca, quase asséptica, com um tatame no centro, um banco alto e um biombo para troca de roupa. Ela tira o sapato, a roupa, veste e roupão e aguarda, sentada no banquinho. Parecia um risco alinhada no meio do nada. O japonês entra pela porta ao lado, vestindo uma espécie de jaleco branco e uma faixa preta na cabeça. Salta ao lado dela com um grito de saudação - Ihá! Karivána! Kakaká! Ketá!(ou algo do gênero)
O susto a emudeceu. Não sabia que estava em guerra. E nem teve tempo de dizer que a dor era no ombro. Ele a pegou pela cabeça, calçou a cervical e virou o pescoço para a direita. Crack! A dor intensa foi imediatamente substituída por outro crack e outra dor maior! Dessa vez para a esquerda. Muda, porque a voz sumiu da garganta, ouviu-o perguntar se tinha muitas dívidas porque os ombros e a musculatura das costas estavam muito tensionadas e rígidas. Não conseguiu explicar que não tinha dívidas porque a voz não saía, e uma dor era imediatamente substituída por outra maior em outro lugar. Após uma massagem enérgica foi mandada para casa com a ordem de voltar no dia seguinte.
Os colegas estranharam o ar perplexo dela e chegaram a sugerir que não voltasse lá. Mas tinha o carnê pago e a dor no ombro. No dia seguinte, compareceu. Trocou-se e sentou novamente no banquinho, temendo uma nova torção no pescoço. E apesar de saber o que aconteceria, o susto da ritual de saudação se repetiu - Ihá! Karivána! Kakaká! Ketá! E novamente a voz sumiu quando ele a tocou no pescoço. Mas dessa vez era para conduzi-la ao tatame, de bruços. - É o meu fim, pensou!
Deitou e foi quando ouviu um novo Ketá, kaká, Pisá(ou algo do gênero). E lá estava o japinha a pisoteá-la nas costas, saltitante. Não teve voz para pará-lo e deduziu que era parte do tratamento calar o paciente.
Saiu com um emplasto no ombro, deu por encerrada a terapia e sem fechar o carnê. Foi parar no ortopedista para tratar da bursite. Ainda teve que ouvir dos amigos a máxima: se era preciso pagar para levar porrada, eles faziam de graça.
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3 Comentários:
hahaha
mto bom!!!
Simplesmente bom... junto tudo isso... eu quero um livro dessas histórias.. hhuhuhuhu
doeu o meu pescoço =|
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